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Revista Piparote – edição de abril

Abrimos esta terceira edição com um piparote do jornal Ponto Final, de Macau: uma leitura sobre o fluxo de matérias da versão digital da Revista Piparote, que nos leva a novas rotas de navegação também entre leitores do Mar do Sul da China, no oceano da língua portuguesa.

Visando construir uma unidade ou um senso de continuidade entre os textos, na primeira edição da Piparote demos um destaque à dramaturgia, com peças de Roberto Cordovani e Christine Röhrig, e na segunda realçamos o gênero das entrevistas, com Antonio Risério interpelado por Douglas Diegues e Mamede Mustafa Jarouche entrevistado por Luis Marcio Silva; nesta edição, por outro lado, buscamos a proeminência da poesia.

E a poesia aqui presente vem marcada pela sua diversidade de origem, tanto de poetas de língua portuguesa ao redor do mundo como de poesia composta em diversos idiomas, o que nos dá o ensejo para a valorização do trabalho dos tradutores e tradutoras que constam desta edição, pela defesa da universalidade dos textos poéticos e da necessidade desse traslado de culturas, de espaços e de significados possíveis.

A primeira grande contribuição em poesia que pensamos em trazer ao palco das revistas literárias brasileiras é a tradução de seis poemas de Arthur Sze, Transpirations, Adamant, Earthrise, Midnight Flame, Transfigurations e Whiteout, traduzidos pelo linguista Júlio Bonatti. São poemas extraídos da sua última coletânea The Glass Constellation (Copper Canyon Press, 2021, Washington), que reúne grande parte de seus livros, dentre eles Sight Lines, pelo qual ganhou em 2019 o National Book Award. Arthur Sze possui uma trajetória como um dos principais poetas estadunidenses da contemporaneidade, e sua presença nesta edição da Revista Piparote é um caminho que se abre para sua obra aos leitores de países lusófonos.

Destacamos três contribuições de autores africanos: os “Poemas Brasileiros”, do escritor e intelectual angolano João Melo; e, de Moçambique, três poemas da poeta e artista Sónia Sultuane, bem como ilustrações do artista plástico Malangatana Ngwenya, as quais versam no ensaio do pesquisador e professor Adilson Fernando Franzin sobre a escritora moçambicana Paulina Chiziane.  

Da vasta poesia que figura nesta edição, temos três poemas do escritor Jorge Henrique Bastos, do seu livro inédito “Rajadas”; da escritora e psicanalista Paula Vaz, os poemas “Fulgor”, “A coruja” e “Tartaruga; do poeta Moisés Alves temos “Bunker” e “Oferenda”; os “poemas com asas” do escritor Henrique do Nascimento, sobre sanhaços e flamingos; a poeta Shevah Ahavat Esberard com “Cantiga de amor da mulher bíblica”, “Adulto” e “Origem”, assim como dois poemas do tradutor Plínio Fernandes Toledo. Realçamos ainda a poesia de Mar Becker com “Três Virgens para Hilda” e do músico e escritor Luis Gustavo Cardoso, com “Poemas afegãos” e “Os girassóis de Odessa”, além dos poemas “Homo”, “Matéria ao vivo” e “Editora do Autor ou A procuração de Augusto dos Anjos”, do escritor e embaixador Felipe Fortuna.

Trazemos, ademais, poesia italiana, espanhola e alemã, com poemas de Maria Grazia Calandrone traduzidos pelos professores e críticos literários Andrea Santurbano e Patrícia Peterle, poemas de Alicia Zapata, traduzidos pelo escritor Juan Terenzi e Nelly Sachs, traduzidos pela germanista Claudia Cavalcanti.

Temos ainda uma publicação bilíngue na matéria Diálogos com a morte nos versos de quatro poetas poloneses, com apresentação e tradução do polonês por Piotr Kilanowski. São os poetas Jarosław Iwaszkiewicz, Tadeusz Różewicz, Aleksander Wat e Zbigniew Herbert, deste último, o poema “A margem” (Brzeg) traz a imagem do barqueiro Caronte nos versos que se encontram com o cartoon de Samuel de Gois.

Em matéria de poesia, esta edição conta também com a participação de Glauco Mattoso, que nos brinda com três poemas: “Nobel de Medicina”, “Nobel de Economia” e “Nobel de Physica”, ilustrados pela artista Belisa Bagiani. 

Dos textos em prosa temos, direto de Macau, a crônica “Os bárbaros chegaram”, do escritor e editor português Carlos Morais José, que leva um retrato de Konstantinos Kavafis feito pelo artista grego Vangelis Andreopoulos; uma leitura de Marcel Proust, pelo poeta e ensaísta pernambucano Paulo Gustavo; uma crônica do advogado e professor Gabriel Frias sobre “A Realidade dos Realities” e um miniconto de Frederico Vieira Santos.

Publicamos ainda o ensaio sobre Charles Baudelaire e o haxixe, do historiador e mestre em ciência da religião Leonardo Stockler, que traça uma linha de continuidade com seu ensaio publicado na segunda edição da Piparote sobre o escritor inglês Thomas de Quincey e o ópio.

Salientamos, ainda, o trecho e apresentação do romance histórico Samarcanda (Editora Tabla, 2022), de Amin Maalouf, sobre o icônico manuscrito perdido do poeta Omar Khayyam, com tradução de Marília Scalzo.

Esta edição reúne poemas de dois poetas de língua russa: Boris Rýji, com cinco de seus poemas traduzidos e comentados pelo jornalista e tradutor Astier Basílio, e dois poemas de Marina Ivánovna Tsvetaeva, com tradução e apresentação da tradutora Anna Carolina Signorelli, além de um ensaio da jornalista e tradutora Tatiana Karpechenko sobre Serguei Iessiênin: “O ‘vagabundo’ famoso contra a bagunça artística”. Pensamos que são matérias importantes trazidas pela Revista Piparote neste momento, pois não podemos deixar de notar a lamentável exclusão de escritores, músicos, dançarinos e diversos trabalhadores de origem russa que lidam com as artes, os quais vêm sofrendo diversas formas de cancelamento ao redor do mundo devido às atrocidades cometidas pelo governo russo – até mesmo textos de Fiódor Dostoiévski foram proibidos em alguns espaços universitários.

Entendemos que todas as formas de guerra são condenáveis e abjetas, como a que vemos agora em solo ucraniano; e a história já provou a duras penas como vários autores puseram suas vidas em risco ao usar da palavra escrita como meio de luta contra governos autoritários. Assumimos que a literatura, nesse sentido, deve transgredir as fronteiras obtusas da política efêmera e preservar os valores da arte como um patrimônio da humanidade.

REVISTA PIPAROTE – FORMATO IMPRESSO

60 páginas
Miolo Couché fosco
Colorida
Formato A4
ISSN: 2764-5223
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Revista de Literatura e Artes
Poesia, prosa, ensaio, tradução

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