Pesquisar
Close this search box.

“Epitáfio” – um poema de Nicanor Parra

O poema Epitáfio, traduzido por Luis Marcio Silva, faz parte do livro Poemas y antipoemas (1954), do poeta chileno Nicanor Parra (1914-2018).

EPITÁFIO

De estatura média,
com voz nem fina nem grossa,
Primogênito de professor primário
E de uma tia que costurava no quarto dos fundos;
Franzino de nascimento
Ainda que dedicado à boa mesa;
de bochechas cadavéricas
e das mais abundantes orelhas;
Com uma cara quadrada
Em que os olhos mal se abrem
e com nariz de um pugilista mulato
Sobre a boca de um ídolo asteca – 
Tudo isto saltitado
Por uma luz entre o irônico e o pérfido
Nem muito inteligente nem muito asno
Fui o que fui: uma mistura
de vinagre com azeite
Um embutido de anjo e animal!

EPITAFIO

De estatura mediana,
Con una voz ni delgada ni gruesa,
Hijo mayor de profesor primario
Y de tía modista de trastienda;
Flaco de nacimiento
Aunque devoto de la buena mesa;
De mejillas escuálidas
Y de más bien abundantes orejas;
Con un rostro cuadrado
En que los ojos se abren apenas
Y una nariz de boxeador mulato
Baja a la boca de ídolo azteca 
Todo esto bailado
Por una luz entre irónica y pérfida
Ni muy listo ni tonto de remate
Fui lo que fui: una mezcla
De vinagre y de aceite de comer
¡Un embutido de ángel y bestial!

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Pinterest
Telegram

NEWSLETTER: RECEBA NOVIDADES

© Copyright, 2023 - Revista Piparote
Todos os direitos reservados.
Piparote - marca registrada no INPI