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“Cacilda Becker” – Por Flávio Viegas Amoreira

Cacilda Becker

Por onde caminha diáfana Cacilda Becker neste século sem a alegria dos seus vôos de pássaro?  Nos salões clandestina menina pobre na “Belle Époque” tardia nos trópicos de Santos, entre o mármore e celebridades no Parque Balneário onde Cacilda forjada para o estrelato, astro fulgido fulminando as velharias do teatro brasileiro, onde Cacilda na alameda dos sonhos entre jambolões buquê de bananeiras da Sorocabana, dama da noite na Ilha Porchat onde Cacilda Becker pairando nos palcos “entre quatro paredes”/ “esperando godot” vestida de pranto raiando o dia nas areias do Guarujá num halo raro esguia ousada de dicção única impregnada de demônios arcanos irrompendo com semblante delineado pela lua Cacilda nascida força da natureza/ náiade báquica híbrida Afrodite minerva/ te espreito nas madrugadas da bela vista/ sobranceira no triplex pioneiro do “baronesa de arari” quando caminho na Paulista / Cacilda no Trianon/ Cacilda ninfa nas pedras de Itanhaém/ onipresente na major diogo/ Cacilda enjeitada da burguesia burra/ dando braços a rosinha cleyde Dirce na corda bamba nos trilhos do trem silente cortando tua ilha/ indo ao porto/ descobrindo o Rio/ pelas mãos de miroel da Silveira/ dirigida por Ziembinski/ Cacilda no TBC/ no Sérgio Cardoso/ voltando às rádios litorâneas/ PRB4 do cais para o mundo/ Cacilda estreando Ariano Suassuna/ descobrindo Plínio Marcos/ motivando o tímido Jorge de Andrade/ Cacilda pedagoga/ militante da mulher liberta/ walmor Celi Autran/  inventora da libertária brasileira/ fáustica / grita range geme lúbrica! Uterina Cacilda Becker! oceanicamente atriz/ desdobrada em personas infinitas… onde onda onde Cacilda Becker!? Entre nuvens tormentas na placidez das dunas sangava/ pitangueiras/ perequê universal feito o aroma de café embarcado em transatlânticos/ como as proezas de Pelé/ Cacilda Becker por onde anda onda tua ousada alma enquanto o pano baixa as ribaltas adormecem? Quem sabe nas linhas de Shakespeare por interpretar/ num Tennessee Williams redescoberto/ entre originais dum jovem autor indescoberto/ no calor das estréias/ no fragor dos laboratórios/ nas matinês disputadas/ na fogueira das vaidades entre musas/ onde soberana Cacilda Becker?! Quando de novo o solo santo quando de novo o burburinho de iluminadores camareiras/ as visitas em triunfo te disputando nos camarins floridos?! As turnês os surpreendentes fracassos de bilheteria as críticas demolidoras onde Cacilda Becker rainha indigente pingo de gente Virginia Woolf  pinga fogo onde anda onda Cacilda Becker!?

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Flávio Viegas Amoreiras

Escritor, poeta e jornalista, nasceu em Santos, em 1965, mora em São Paulo atuando como agitador cultural pela capital paulista, Litoral e Rio de Janeiro.

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