Memórias da Caop
E distante da Caop, vou tentando reviver
As memórias da Capela, lá em São Miguel
Presente nas lembranças, tudo falta, menos querer
Respirar seu ar quente, solo e alma sentir
A comunidade de tantos caracteres e inúmera gente
Atenta ao seu redor, também conhece o amor
Memórias do nada fazer, porém me fartei de longe estar
Nostalgia dos amigos e inimigos da dignidade, pois, carentes
De oportunidades
Do candengue do beco, que não conhece outra realidade
Senão a estabelecida pela herança do destino
E do rosto invisível da felicidade imaginada
Que não admite a tal liberdade sugeridas por Sen
Pelo que nada mais espera, senão um novo amanhecer
Saudades… das ruas sem graça escondendo poesia
Do cenário que tudo cria, e das malabarices que lá se via
De entre sonhos e ilusões, incertezas e emoções
Regras gerais de um mundo normal também com paixões
Da camadeira que teme a chuva, pois esta mata suas beiras
Da boa fé que alimenta os vizinhos do Jakinito
Nos kizango com o Pepé
Que entre passos, dicas e prosas,
argumenta que a família do Sousa tem de o pagar
Memórias da brasileira, que do samba só lembra a favela
Que de uma ponte necessita para fazer passar
os espíritos atormentados pelo caldo lamacento
abençoado pela chuva
Que alivia a fome mas não o stress da gente,
que pretende somente chegar ao dito asfalto,
onde de facto, dá para exbir o fato
Sem me esquecer do Mandimbra das noites quentes,
luz e bastante ambiente, um mundo à parte,
Do universo Caop, de vários contrastes e realidades,
da Elisabeth, amiga da Ana Marineth
São memórias memoráveis do mundo ao qual pertenço, não o relego
Da ditatura musical do militar, que entre quetas,
ruído e dor de dente, toca aquela cassete
A Caop quero reencontrar, ainda bem que por lá, havemos de voltar…
Lisboa – 201
Adálio Pereira Francisco
Natural do Huambo, Angola.