Ivan Búnin (1870-1953), primeiro escritor russo a ganhar o prêmio Nobel de literatura, em 1933, considerava Alamedas escuras o seu melhor livro. Aqui a arte literária do escritor e poeta alcança a sua mais plena perfeição, encantando os leitores com a absoluta beleza formal – poética e musical – de cada frase, de cada pequeno detalhe e da composição, tudo aquilo que compõe o afamado estilo literário deste autor que os leitores lusófonos agora poderão apreciar graças à brilhante tradução direta de Irineu Franco Perpetuo.

Búnin pertence à assim chamada “literatura russa no exílio”. Fazia parte da primeira leva de emigrantes que reuniu os escritores que não aceitaram a revolução de 1917 e se refugiaram na Europa. A maioria dos contos reunidos pelo próprio autor neste livro foi escrita no sul da França entre 1937 e 1945. Segundo as palavras do próprio autor, “o livro tem o nome retirado do primeiro conto, Alamedas escuras, e todos os outros contos tratam também, por assim dizer, das escuras e, na maioria das vezes, muito cruéis alamedas do amor…”

Os momentos mais felizes e cruciais da vida dos personagens de Alamedas escuras estão associados ao amor que, na maioria das vezes, determina o futuro deles. No entanto, essa felicidade é passageira porque o amor carrega uma premonição de um inevitável desfecho fatal, criando uma tensão ímpar nas narrativas do livro. Na descrição de Búnin, o amor é um relâmpago curto e deslumbrante que ilumina a vida dos personagens e logo em seguida os faz olhar dentro do abismo perigoso que inevitavelmente provoca o final trágico. Na visão do mundo do autor, sempre há a proximidade entre o amor e a morte, refletindo a natureza catastrófica da existência humana.

Alamedas Escuras é também o livro no qual Búnin reconstrói as memórias da “sua” Rússia, aquela querida “velha Rússia”, que acabou para ele com a vitória dos bolcheviques. Com algumas raras exceções, no livro predominam os espaços e cenários russos. A memória do escritor está de tal forma aguçada que ele consegue recriar impressionantes quadros vivos e fortes da natureza, que fazem parte tão importante da “geografia da alma russa”, se nos apropriamos da expressão feliz de Nikolai Berdiáev.

A tradução do livro, publicado pela editora mineira Ars et Vita, é assinada por Irineu Franco Perpétuo. O volume conta ainda com a colaboração do tradutor Francisco de Araújo (cotejo) e da tradutora e professora Elena Vássina (orelha), além de trazer 38 ilustrações da artista visual russa Svetlana Filíppova, uma das maiores animadoras e ilustradoras do cenário contemporâneo russo.

Ivan Búnin

 

Ivan Alekséievitch Búnin nasceu em Vorónej, na região central da Rússia, filho de uma família aristocrata empobrecida. Aos 19 anos, Búnin começou a publicar poemas e contos, enquanto se iniciava na carreira de jornalista. Nos anos 1890, profundamente atraído pelas ideias de Lev Tolstói, procurou e conseguiu conhecê-lo pessoalmente. O mesmo aconteceria com Anton Tchekhov, de quem se tornaria amigo. Embora Búnin tenha se aproximado da escola simbolista e publicado poemas influenciados por essa estética, sua obra remete estilisticamente ao classicismo russo do século XIX.  Em 1920, discordando dos rumos da Revolução de 1917, Búnin fixou residência em Paris, tornando-se uma das principais vozes da comunidade de russos emigrados. Em 1933 recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, o primeiro a ser entregue a um escritor russo. Ivan Búnin faleceu em 8 de novembro de 1953, em Paris.

Svetlana Filippova

A ilustradora, animadora e cineasta Svetlana Filippova se formou na Faculdade de Filologia da Universidade Estatal do Cazaquistão, em 1991, e na Escola Superior de Roteiristas e Cineastas em Moscou, em 1997. Foi aluna de grandes mestres da animação russa tais como Fiodor Khitruk, Yuri Norstein e Andrei Khrzhanovsky. Trabalha com pintura, desenho gráfico, litografia e animação. Participa regularmente de vários festivais de cinema, arte e exposições de livros na Rússia e no exterior. Seus filmes foram premiados nos mais importantes festivais internacionais, entre os quais destaca-se o Festival KROK. Pelas suas ilustrações do livro dos contos da Liudmila Ulitskaia, recebeu o primeiro prêmio da Associação dos artistas das artes gráficas. Entre os seus livros ilustrados, podem ser destacados as ilustrações do romance Tchevengur (ed. Vita Nova e ed. Ars et Vita), da coletânea Alamedas Escuras (ed. Vita Nova e ed. Ars et Vita), entre outras.

 

 

Alamedas Escuras

 

Autor: Ivan Búnin

Tradução: Irineu Franco Perpétuo

Prefácio: Elena Vássina

Cotejo: Francisco de Araújo

Ilustração: Svetlana Filippova

Design gráfico e diagramação: Marcello Kawase

Editora: Ars et Vita

Ano: 2024

ISBN 978-85-66122-18-3

Valor: R$ 96,00

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