Dublinense publica Indígenas de férias, romance do autor cherokee-canadense Thomas King

“Nas histórias de King, sempre há curvas, mas o que está do outro
lado nunca é o que se espera”

Margaret Atwood

Chega aos leitores brasileiros no dia 25 de abril Indígenas de férias, o mais célebre romance de Thomas King. De ascendência indígena e grega, nos anos 80 o autor deixou a reserva onde nasceu, na Califórnia, e imigrou para o Canadá, onde concluiu o doutorado sobre narrativa oral enquanto tradição literária. Hoje, ele é professor emérito do Departamento de Estudos Indígenas das Universidades de Lethbridge e Minnesota, e leciona na Universidade de Guelph. Em Indígenas de férias conhecemos a história de Mimi e Bird: ela Blackfoot, ele Cherokee. Os dois viajam pela Europa seguindo a rota dos cartões-postais enviados pelo tio de Mimi, depois dele ter sido retirado à força de sua reserva indígena para se tornar atração em um show de faroeste. Ao partir, Leroy levou um importante artefato da família e é em busca de recuperá-lo que Mimi e Bird viajam para Praga. Utilizando o humor como forma de ativismo, o autor subverte a ideia de autenticidade erroneamente atribuída a pessoas indígenas e desloca os personagens para uma simples viagem de férias em um romance marcadamente conectado à tradição de narrativas orais.

“Os leitores não esperam ver nativos de classe média que viajam pela Europa como pessoas comuns”, contou King em entrevista recente à revista da TAG, que distribuiu uma edição especial do romance para seus assinantes em abril de 2022. Margaret Atwood, admiradora e amiga de King, conta que os dois se conheceram por volta dos 1990, quando “ele foi um dos primeiros a defender e, de fato, produzir a primeira onda de escritos indígenas norte-americanos”. Foi Thomas quem tirou uma das últimas fotos de Graeme Gibson, companheiro de Margaret falecido em 2019. Margaret Atwood é uma grande apoiadora da literatura indígena canadense. Juntos, eles se envolveram em diversas questões relativas à publicação de autores nativos no país. Indígenas de férias foi traduzido por Davi Boaventura. Já o desenvolvimento do projeto gráfico da edição contou com a colaboração e a consultoria de Julie Dorrico, pesquisadora e curadora de literatura indígena, pertencente ao povo Macuxi e doutora em Teoria da Literatura pela PUC-RS.