Aprendemos o bem e o conhecemos,
mas não o praticamos por doença
ou por lhe preferirmos os prazeres.

Eurípedes

AUTARQUIA

grande é o homem que, mandando, determina seja feito o bem. maior ainda (e mais sábio) é aquele que, podendo mandar, poupa éditos e exércitos, deixando aos seus que descubram e pratiquem o que há de ser o melhor a todos e para cada qual na diferença das vidas que levam e entre si dependem. afora ordenações e ordálias, somente este (que não obstante é raro) perdurará como rei legítimo e talvez até amado, pois apenas assim será reconhecido: não pelo que decrete, mas pelo que deixa de ordenar para que de si emane a missão do exemplo de manter unido um povo que entre si se reconheça como soberano e logo encontre na carga do cetro áureo o peso igual ao do místico ou pastoril cajado, a gestão de sua própria responsabilidade. nessa deliberada renúncia de quem tanto pode, a culminância das virtudes da obediência voluntária e um prescindir da força que todos guardam – a verdadeira comunidade, lugar onde o rei & o reles se fazem iguais à frente de cavalariços, atrás das enxadas, tecendo panos ou abaixo do mesmo firmamento. primus inter pares: um príncipe por nascer.

 
Foto de Marcus Fabiano Gonçalves

Marcus Fabiano Gonçalves

(1973) é gaúcho e mora no Rio de Janeiro, onde é professor de Hermenêutica e Filosofia do Direito na Universidade Federal Fluminense – UFF. Em 2019 publicou Bruno Palma, escolhedor de palavras – ensaio sobra a arte e o ofício de um tradutor (ECA-USP).

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